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20 de abril de 2018
Redescobrindo Scliar | A história dos judeus no Brasil

Regina Zilberman | Foto: Arivaldo Chaves/Agência RBS

A professora, escritora e pesquisadora Regina Zilberman é a mais nova convidada da nossa série “Redescobrindo Scliar”. Recuperando o clássico “O Centauro no Jardim”, Regina usa o tema da imigração para refletir sobre a literatura e o legado de Moacyr Scliar. Boa leitura!

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O ROMANCE DE MOACYR SCLIAR E O TEMA DA IMIGRAÇÃO

Tendo publicado seu primeiro livro em 1962, as Histórias de um médico em formação, foi na década seguinte que Moacyr Scliar produziu a maior parte de sua obra de ficção. Constitui-se de romances (A guerra no Bom Fim, O exército de um homem só, Os deuses de Raquel, (O ciclo das águas), Mês de cães danados, Doutor Miragem, Os voluntários, O centauro no jardim, A estranha nação de Rafael Mendes, Cenas da vida minúscula, Sonhos tropicais), novelas (Max e os felinos, Cavalos e obeliscos, A festa no castelo), livros de contos (Histórias de um médico em formação, Tempo de espera, O carnaval dos animais, Os mistérios de Porto Alegre, A balada do falso Messias, Histórias da terra trêmula, O anão no televisor, O olho enigmático, A orelha de Van Gogh, Contos reunidos), narrativas para crianças e jovens (Memórias de um aprendiz de escritor, No caminho dos sonhos, O tio que flutuava, Introdução à prática amorosa, Os cavalos da república), ensaios (A condição judaica, Do mágico ao social, Cenas médicas, Medicina e literatura) e crônicas (A massagista japonesa, Se eu fosse Rothschild, Dicionário do viajante insólito). Desse total, três títulos foram lançados nos anos 60, seis, nos anos 90 (muitos deles, contudo, coletâneas ou rearranjos de textos publicados anteriormente, como ocorre aos Contos reunidos, Se eu fosse Rothschild e Dicionário do viajante insólito), circunstância que, do ponto de vista histórico-literário, posiciona-o como um escritor das décadas de 70 e 80.

Durante os anos 1970 a ficção latino-americana deu vazão ao que se classificou como “realismo mágico”. No Brasil, foram em particular as sugestões associadas ao gênero fantástico que predominaram, conferindo peculiaridade à literatura nacional. Moacyr Scliar, optando por introduzir em seus romances ações que poderiam ser consideradas extraordinárias, constituiu-se de imediato numa das principais expressões da literatura fantástica no país, gênero de que continua sendo um dos principais adeptos e representantes, conforme se constata em um de seus últimos romances publicados, Cenas da vida minúscula, de 1991.

Moacyr Scliar dedica a maior parte de seus romances (sete, num total de onze obras) à narração do processo migratório judaico da Europa para o Rio Grande do Sul. Alinhadas as obras num prisma cronológico, eles contam uma história que inicia com a decisão de deixar a terra natal, prossegue com a apresentação dos problemas relativos à adaptação ao novo mundo e chega à análise das conseqüências da transferência geográfica e cultural sobre os descendentes das famílias originais.

O primeiro passo é a vinda dos protagonistas da Europa para o Brasil, a imigração propriamente dita. A narrativa desse processo é mais rara, aparecendo em (O ciclo das águas), pelo lado dos textos centrados em personagens judias, e Max e os felinos, novela não explicitamente de tema judaico. Eles abandonam seu lugar de origem por razões bastante opostas: Max foge do nazismo, e Ester é enganada pelo noivo, que a introduz na prostituição; mas experimentam uma situação similar: necessitam lutar arduamente por sua sobrevivência, enfrentando inimigos e preconceitos, até se afirmarem perante os outros e perante si mesmo.O resultado de sua trajetória existencial também diverge: Max deseja o restabelecimento da justiça e, para tanto, arrisca sua liberdade, sendo, enfim, bem sucedido; Ester, por seu turno, quer enriquecer e garantir a educação de seu filho, Marcos, o que a leva ao aviltamento pessoal e mesmo à insanidade.

A segunda etapa do processo de aculturação dos judeus ao solo brasileiro aparece em todos os romances, pois é essa a situação que efetivamente interessa ao ficcionista. Nestes romances – a saber, A guerra no Bom Fim, O exército de um homem só, Os deuses de Raquel, (O ciclo das águas), O centauro no jardim, A estranha nação de Rafael Mendes e Cenas da vida minúscula, os heróis são, na maioria, filhos de imigrantes: Joel, Meyer ou o Capitão Birobidjan (embora também um imigrante), Raquel, Marcos, Guedali e Rafael Mendes, respectivamente os protagonistas das obras citadas, são brasileiros, porém ainda profundamente envolvidos com a tradição européia e judaica segundo a qual são educados. O resultado é uma divisão interior que os dilacera, provocando a infelicidade. Ao choque de gerações, que é, simultaneamente, um choque de culturas às vezes até antagônicas, soma-se outra dificuldade: todos estes indivíduos, voluntariamente ou não, apostaram sua existência nos valores burgueses. Seu fito maior é enriquecer ou, pelo menos, ter sucesso financeiro e profissional, para apagar, num único golpe, a miséria da infância e os laços com a origem judaica.

O fato de todos os protagonistas serem judeus não é mera coincidência. Moacyr Scliar procura extrair dessa circunstância, segundo a qual o judeu é, por razões culturais e históricas, um ser que experimenta a diferença de modo radical, a substância para seus livros. Por isso, suas personagens não conseguem conviver com o passado de que são fruto, nem integrar-se ao presente que contradiz suas raízes. O resultado é uma profunda instabilidade emocional, gerando a permanente insatisfação e o sentimento de inautenticidade, a ser combatido ao preço de uma mutação interior, traduzida às vezes numa alteração externa, como ocorre ao Guedali, de O centauro no jardim, ou ao Naum, de Cenas da vida minúscula.

Neste grupo de narrativas, o elemento fantástico aparece de modo mais patente. Como o fantástico está ausente nas novelas do escritor o protagonista não tem origem hebraica, fica claro o sentido que tem: é produto da situação ambivalente que experimenta o tipo especial de herói judeu criado pelo ficcionista, qual seja, o indivíduo repartido que não consegue consolidar-se intimamente sem renunciar aos valores que igualmente preza. Funciona, assim, como a possibilidade de representar de forma mais visível os dilemas interiores das personagens, simbolizando seguidas vezes as divisões de que se falou acima. Os melhores exemplos provêm, outra vez, de O centauro no jardim, cuja personagem central, Guedali, percebe-se cindido entre o humano e o animal, sintetizados no mítico centauro, e de Cenas da vida minúscula, cujo narrador, Naum, apresenta-se originalmente como um homúnculo de 10 cm de altura que, à medida que se adapta à sociedade paulista moderna, cresce e perde suas características primitivas, de teor mágico.

Doutor Miragem e Os voluntários demarcam o terceiro momento do processo de integração ao novo país, caracterizado pela circunstância de que, embora as personagens sejam descendentes de imigrantes europeus (mas não judeus), já ocorreu a ruptura completa com os laços que os prendiam ao passado. Por isso, Felipe e Paulo dispõem de maior liberdade, no desenvolvimento da ação ficcional. E, se suas trajetórias são similares, na medida em que projetam uma ambição comum – a de enriquecer -, o resultado de seus esforços diverge: o médico acaba por ser bem sucedido, após vários percalços e, principalmente, depois de aceitar corromper-se. Paulo, por sua vez, é um homem frustrado, porque ainda se mantém fiel aos princípios da juventude. Em vista disso, a solução que encontra é recorrer à fantasia e à narração de histórias, como uma compensação relativa para seu fracasso existencial.

Realistas e lineares, estas histórias revelam, pelo contraste, por que o tema da imigração encontra sua melhor representação ficcional quando se associa à exploração de personagens vinculadas à cultura judaica. Valendo-se ao emprego da técnica do fantástico, Moacyr Scliar alcança a tradução de conflitos que assolam a todo o indivíduo indistintamente, mostrando as oscilações entre, de um lado, a lealdade a certas raízes e ideais e, de outro, a degradação decorrente da aceitação das regras do jogo econômico e do desejo de ascensão social.

O CENTAURO NO JARDIM

Enquanto entidade mítica, o centauro povoa a literatura ocidental, ao lado de criaturas imaginárias que simbolizam a ambivalência do ser humano. Como a esfinge e os sátiros, ele expressa a dicotomia entre o anímico e o material, o animalesco e o intelectual, a atração da natureza e a formação refinada. Traduz a liberdade sem fronteiras do corcel que atravessa os campos; e pode ter esmerada educação e sabedoria, pois foi da raça dos centauros que proveio o primeiro pedagogo, Quíron, mestre de heróis do porte de Hércules, Aquiles e Teseu.

Transplantado ao cenário específico da literatura sul-rio-grandense, cedo ele encarnou a alma do gaúcho. Se este tipo humano foi elaborado por uma ideologia que tinha em vista a promoção do vaqueano enquanto indivíduo livre e guerreiro, descomprometido de elos domésticos e familiares, mas intensamente fiel a seus líderes políticos, a conseqüência lógica foi sua identificação ao centauro.

Produzia-se, desse modo, a mitificação imediata do campeiro; e dava-se sua integração plena a uma tradição ocidental, com berço entre os helênicos. Corporificava de modo visível aos detentores da imagem os valores que cabia propagar – liberdade, laços com a natureza (e, particularmente, identidade com o cavalo) e disponibilidade para a ação, em especial, à luta militar; e garantia sua inclinação ao classicismo, o que indiciava não apenas a superioridade da mitologia européia, mas – e sobretudo – o lustro cultural dos intelectuais da Província. Não por outra razão o primeiro movimento artístico de profundidade e significação no Rio Grande do Sul, constituído pela Sociedade Partenon Literário, pôde ter uma inclinação regionalista, sem precisar abrir mão do pendor universalista da literatura, pois se colocava sob a égide, simbólica, representada por seu nome, de um templo grego, o mais importante do Classicismo da Antigüidade.

Enquanto ideologia, por sua vez, revelava uma formulação de cima para baixo, forçando o peão pobre e despossuído a identificar-se com uma figura que fugia totalmente à sua experiência; enquanto mito, guardava em seu bojo a noção de ambivalência e divisão, a ser oportunamente explorada; enquanto tema literário, alimentou a prosa e a poesia sulina até o esgotamento e saturação da vertente regionalista. Seu emprego por Moacyr Scliar, em O centauro no jardim, é o sintoma das potencialidades inaproveitadas que ainda continha. E seu enxerto à problemática judaica dá-lhe dimensões originais no panorama da literatura nacional.

Guedali Tartakovsky é filho de um imigrante judeu que, numa leva proveniente da Rússia, no início do século, vem a ocupar as terras compradas pelo Barão Hirsch no interior do Rio Grande do Sul. Ter nascido centauro é o sinal desse primeiro impulso rumo à integração ao novo solo por parte de seus recentes ocupantes. Assumindo o corpo daquele ser que sintetiza a natureza sulina, Guedali é antecipadamente um gaúcho. Sendo rejeitado – escondido – por seus pais, ele demonstra o rechaço, por parte deste mesmo grupo, ao processo de diluição de sua identidade prévia – judaica e européia – no contato com a terra brasileira.

Ao mesmo tempo, contudo, Guedali corporifica a diferença que impossibilita sua aceitação pelo meio local. Sendo centauro e gaúcho, ele é também o judeu, homem que vive a heterogeneidade de modo radical, na sua trajetória de permanente exilado. Portanto, tornar-se afim ao ambiente circundante é, para Guedali, sacrificar o centauro que habita nele, numa repetição, pelo avesso, do ritual da circuncisão. Este fato amplia a representação temática que a utilização da figura mitológica fornece ao ficcionista: porque esta imolação é também a de sua liberdade, que ele vive amplamente enquanto pode cavalgar sem impedimentos pelos campos ao redor de sua fazendola.

A deposição da liberdade marca as diferentes etapas da narrativa: dá-se pela mudança para Porto Alegre, quando seu espaço de movimentação reduz-se aos limites de um quintal. E, mais adiante, após uma libertação temporária, oferecida pela vida circense e pela descoberta do amor, na estância de D. Cotinha Fagundes, inicia-se o processo de amputação: a operação no Marrocos, o enriquecimento de São Paulo e a nova e mal sucedida fuga. Vendo-se cada vez mais mergulhado numa existência que o aprisiona a deveres e amizades pálidas, Guedali tenta uma recuperação da aparência original: quer voltar a ser centauro, seja por intermédio da arte do médico que lhe deu a condição de bípede, seja através da magia primitiva de Peri. O fato de que a metamorfose desejada não ocorra (nem chega a fracassar, sendo o evento sustado durante seu transcorrer) determina um outro tipo de mudança de forma: é a conformação à situação presente, de bem sucedido negociante, que apenas oniricamente pode almejar o lançar-se à plena independência.

A imobilização de Guedali, como “um centauro no jardim, pronto a pular o muro, em busca da liberdade“, completa o processo de sua transfiguração. E reflete-se no tratamento dado ao ser mitológico, apontando aos novos significados que vem a abrigar, todos confluindo para a noção de deslocamento e adaptação. Com efeito, se o centauro representava tanto a assimilação da cultura local pelos descendentes dos primeiros imigrantes, como, paradoxalmente, a permanência da condição ambígua do judeu em Guedali, a amputação desse estado ambivalente aponta à resolução da contradição. Ao mesmo tempo, porém, sintetiza a morte das culturas originais que viviam no dúplice herói – seu “gauchismo” e seu “judaísmo”, que, por mais antagônicos que sejam, convergem num aspecto: a situação mútua de exílio e descentramento social. Pois, se o Centauro dos Pampas foi o mito que ajudou a forjar a crença num campeiro imbatível e poderoso, reencarnação do protótipo original grego, ele não deixou de evidenciar o caráter compensatório desta formação ideológica, espécie de toga clássica encobrindo a miséria e impotência do trabalhador rural. Portanto, o exílio – do poder, neste caso – é vivenciado pelo vaqueano, de modo que desfazer-se do centauro é, para Guedali, vir a cerrar fileiras com a classe dominante.

Com efeito, a amputação eqüivale ao enriquecimento da personagem e sua incorporação à burguesia comercial paulista. Sem ter uma ideologia – não sendo nem contra, nem a favor do sistema -, Guedali preocupa-se tão-somente com seu “problema”: a diferença em relação ao grupo, que apenas ele e Tita, sua mulher, conhecem. Ao mesmo tempo, porém, dedica-se integralmente ao acúmulo de dinheiro, a fim de sustentar suas operações, que escondem um defeito físico – ou seja, sua aceitação pelos outros, a ser internalizada, para se convencer de sua efetivação real.

Enriquecer é, pois, camuflar a origem, reprimi-la e convertê-la num sonho. Sendo bem sucedido nesse processo, Guedali e, sobretudo, Tita podem escrever uma nova história, que transforma o pesadelo anterior em mera alucinação. Ao contrário do mito, que forja uma narrativa fantástica para explicar um evento verdadeiro, mas inadmissível, o casal dessacraliza seu passado. Banaliza-o e, com isso, assegura seu ingresso entre os “normais” – a rapidamente enriquecida burguesia nacional.

É essa classe o novo lar onde se alojam Guedali e Tita. Sufocam suas ânsias, mas são felizes, porque o alto preço não impediu a compra da normalidade – a cura: “Sim, eu agora estava bem. Já não sentia vontade de galopar, já não me fazia perguntas. De uma forma ou outra, estava curado. Levantei-me, voltei para casa. Correndo pelo campo, saltando, rolando na grama úmida. Feliz“. Mas também o estrangulamento do mito, embora Guedali ainda o vivencie numa última excursão ao Marrocos. É quando conhece Lolah, a Esfinge, num episódio que explicita uma vez mais o tipo de racionalismo imposto pela sociedade para aceitar o indivíduo e qualificá-lo como saudável. Porque Guedali não decifra a Esfinge, ao contrário de Édipo; ocasiona, é certo, sua destruição, porém não por decodificar o enigma, senão que em decorrência de um envolvimento emocional com ela. Em outras palavras, a entidade mágica que se põe como adivinhação diante do ser humano acaba por ser suprimida, ou transformada em memória escondida, sem ser explicada. Por isso, salta-se por sobre os mistérios, reinventa-se uma história mais tolerável, e o sucesso dessa empresa garante uma relativa sociabilidade. O convívio humano se faz à base do sufocamento dos apelos mais íntimos, numa espécie particular de liberalismo, porque a tolerância se funda na repressão. É o que configura a natureza do racionalismo moderno, que não suplanta os mitos, mas constrói para eles uma plausibilidade que os torna suportáveis.

Narrando a trajetória ascendente da burguesia brasileira, apoiada numa inautenticidade congênita, que fabrica histórias pouco convincentes para compensar seus anseios mais pessoais, Moacyr Scliar vincula este processo a uma operação profunda que pode ser descrita em vários níveis. Parte do rechaço da condição original – de exilado, como gaúcho e como judeu – que quer desfazer a diferença à custa de golpes contra si mesmo; e demonstra como a formulação de uma nova biografia supõe a deposição da liberdade em favor do artificialismo, procedimento correto, porque premiado com o dinheiro e o amor de todos, num happy end exemplar. É esta última volta do parafuso que marca a derradeira circunferência que limita o herói: é obrigado a abdicar de sua liberdade e do que tem de mais sagrado – sua terra, que se torna mais produtiva, com a introdução do plantio da soja; sua animalidade instintiva e o Mistério que a envolvia, representados pela Esfinge seduzida e assassinada.

Se, nesse último movimento, o mítico retorna, é porque nunca havia sido abandonado. Porém, sua presença ocorre às avessas, porque é jogado cada vez mais para o fundo, sucessivamente recalcado. Sua importância se comprova, entretanto, quando se evidencia que corporifica a noção de liberdade problematizada no romance. Todavia, porque mitificada, ela mostra-se apenas pelo ângulo do desejo, ausente na sociedade .

Valendo-se do centauro enquanto emblema para uma série de situações – a de gaúcho, a de judeu, a aspiração à liberdade -, a confluência de todos esses fatores se mostra possível, na medida em que o texto transita, muito à vontade, do mítico ao social e vice-versa. Iluminando, através do mito, uma circunstância social, explicita a superação desta através da magia. Assim, atravessa a este último com a lente do sociológico, mas tem a suficiente amplitude para problematizar este mesmo racionalismo. A ambivalência se reconstitui, já que a opção entre o mítico e o social revela-se impraticável. E, com isto, a natureza do centauro passa do protagonista ao todo da obra, evidenciando o caráter dessa; e assegura que, se a sociedade é a zona onde o homem negocia sua espontaneidade e autonomia, a literatura é o setor onde estas podem ser restauradas, à medida em que se efetivam a crítica ao social e a exposição de uma fantasia utópica.”

REGINA ZILBERMAN