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6 de abril de 2018
Redescobrindo Scliar | Antônio Torres: qual Moacyr Scliar você profere?

Antônio Torres | Foto: Paulo Carvalho/Diário de Pernambuco

Moacyr Scliar publicou dezenas romances ao longo de sua extensa carreira, mas o que também podemos dizer de sua vertente contista, cronista, ensaísta e infanto-juvenil? Em mais uma edição da nossa série “Redescobrindo Scliar”, o escritor Antônio Torres convida o público conhecer o Moacyr Scliar que vai muito além dos celebrados romances que conquistaram diversas gerações. Para ler A Noite em que os hotéis estavam cheios, conto de Moacyr citado por Antônio Torres, basta clicar aqui. Boa leitura!

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“Para começo de conversa, me pergunto:

– Qual Moacyr Scliar você prefere?

Em sendo essencialmente um romancista, minha escolha natural deveria ser um de seus romances, afinal nesse gênero ele se desempenhou de forma poderosa, legando-nos 14 títulos memoráveis. Dois deles foram adaptados para o cinema. Outro (O centauro no jardim) foi incluído na lista dos 100 melhores livros de temática judaica publicados nos últimos 200 anos. Logo, o Scliar romancista excele, se impõe, ganha de braçada de muitos de nós.  

Mas o que dizer do Scliar contista, cronista, ensaísta e autor de histórias infanto-juvenis?  

Sim, venho há dias a pular de um livro de Scliar a outro, me recriminando por ainda não haver lido todos os seus livros, mas me prometendo que chegarei lá, se vida ainda tiver para dar conta de tudo que ele escreveu, numa produção extraordinária, tanto em qualidade quanto em quantidade.

De livro em livro, me deparo em um volume em capa dura intitulado Contos reunidos (Companhia das Letras, 1995). E busco uma historinha de Scliar que nunca me saiu da memória. Mas não a achei. Então me lembrei que a li pela primeira vez no livro Contos para um Natal brasileiro, de 1996, feito pela Relume-Dumará num projeto solidário à campanha do Natal sem Fome,  criada por Betinho (Herbert de Souza), e do qual participaram, em mutirão, de Antonio Callado a Rubem Fonseca, de João Ubaldo Ribeiro a Paulo Coelho, de Eric Nepomuceno a Luís Fernando Veríssimo, de Lygia Fagundes Telles a Nélida Piñon e etc.

O primeirão da turma é o Scliar mesmo, que abre a antologia com A noite em que os hotéis estavam cheios. Em poucas linhas, ele deixa a marca da sua peculiaríssima verve e originalidade, ao contar como foi o singelo Natal de Maria e José. E bem ao seu estilo de fazer que um conto se pareça uma crônica e vice-versa.  Enfim, é um texto breve que merece ser publicado na imprensa em todos os Natais, mas que pode ser lido a qualquer dia do ano, com um prazer inenarrável.”

ANTÔNIO TORRES