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14 de novembro de 2017
Três estudantes são premiados no concurso da Seduc que homenageia Moacyr Scliar

Três estudantes foram laureadas nesta segunda-feira (13/11) com as melhores redações no concurso “Moacyr Scliar: O Mestre das Palavras”, criado pela Secretaria de Estado de Educação, por meio do Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (Sebe/Seduc). A cerimônia ocorreu no auditório do Memorial do Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre, e contou com a presença do secretário de Educação, Ronald Krummenauer, e da viúva do escritor, Judith Scliar.

– É muito gratificante saber que ainda existem pessoas que realmente se preocupam com os alunos. Estimular a leitura é incentivar os estudantes não só a serem melhores alunos, mas a serem melhores pessoas. Muito obrigado, dona Judith”, elogiou o secretário.

As três estudantes ganharam cada uma um leitor de livros digitais (E-reader) Kildle Paper White, da Amazon, com wifi, iluminação embutida e tela de seis polegadas. O prêmio foi oferecido por Judith Scliar, coordenadora do projeto Moacyr Scliar – 80 anos, que celebra este ano o aniversário de nascimento do autor. Ao todo, 114 alunos, de todo o Estado, participaram da competição – cada um deles escolheu um conto do autor, copiou o primeiro parágrafo e, então, reinventou a história, usando entre 20 e 50 linhas.

Estudante do terceiro ano do ensino médio na Escola Estadual Apparicio Silva Rillo, de São Borja, Angelica dos Santos Severo ficou em primeiro lugar. Com a redação “No Mundo das Letras”, a aluna de 17 anos, que fora do horário escolar trabalha como vendedora em uma floricultura na cidade da região da Fronteira, foi a preferida do corpo de jurados, formado por seis professores da Seduc.

Ela conta que, assim que ficou sabendo do concurso, resolveu escrever sobre adolescentes carentes que não têm acesso a livros. A lápis, fez um esboço ainda em sala de aula e, no dia seguinte, terminou a redação. “Nunca pensei que fosse ganhar. Quando a professora ligou para o meu trabalho e avisou que eu havia ganhado o prêmio, fiquei faceira”, resume a menina que, no próximo ano, pretendo ingressar na faculdade de Direito. “Mas não quero advogar. Quero prestar concurso para a Polícia Federal”, avisa.

Em segundo lugar ficou Héllen Caroline Lange Kohls, da EEEM Professora Helvetica Rotta Magnabosco, de Erechim, com o tema “Mundo Encantado”. Em terceiro lugar, a redação escolhida foi “A Inveja Mata?”, de Andressa Zantta Martins, da EEEM Lucila Nogueira, de Boa Vista das Missões.

 

Emocionada

Visivelmente emocionada, Judith Scliar lembrou que a leitura “leva as pessoas a um mundo novo” e contou uma passagem do ex-marido, falecido em 2011 devido à insuficiência múltipla de órgãos.

– Ele começou a escrever aos seis anos de idade. Quando já estava no primário, no Julinho (escola Júlio de Castilhos, em Porto Alegre), tirou o segundo lugar em um concurso de redação. Como prêmio, recebeu um vale para tocar por um par de sapatos. Aquilo para Moacyr foi o máximo, pois ele tem origem humilde. Ele foi à loja, escolheu um belo sapato de couro, chegou no caixa e entregou o vale. O funcionário leu o papel, olhou para o Moacyr e disse: ‘ah, os sapatos do concurso estão naquele balaio’. No tal balaio, havia apenas calçados de baixa qualidade. Desde então, ele percebeu o quanto a cultura é desvalorizada nesse país, mas não desanimou e continuou escrevendo” – relatou.

 

Texto: Renato Gava/Seduc