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16 de setembro de 2014
Os mundos de Scliar

Maria Eugenia Bofill

Túnel oferece experiência sensorial sobre a obra do escritor gaúcho. / Foto: JOÃO MATTOS/JC

Túnel oferece experiência sensorial sobre a obra do escritor gaúcho. / Foto: JOÃO MATTOS/JC

Da origem na Rússia à imigração para o bairro Bom Fim em Porto Alegre. Da formação em Medicina ao universo literário e jornalístico. Moacyr Scliar – O centauro do Bom Fim atravessa os mundos de um dos maiores destaques da literatura brasileira, órfã de suas obras desde janeiro de 2011. A vida e obra do escritor gaúcho serão expostas no Santander Cultural, a partir de amanhã até 16 de novembro.

A exposição, que começou a ser pensada ainda em 2011, é idealizada por Judith Scliar, viúva do médico e escritor, em conjunto com seu irmão, Gabriel Oliven. “Gostaríamos de homenagear o Moacyr de forma que contemplasse as áreas mais importantes e mais presentes na vida e nas obras dele – a Medicina, a literatura, o Bom Fim e o judaísmo. Tudo o que acontecia em sua vida era refletido em suas obras e estará presente na exposição”, ressalta Judith. Com curadoria assinada pelo cineasta Carlos Gerbase e consultoria de Regina Zilberman, a mostra é apresentada em um túnel do tempo, que se inicia na Rússia, país de origem de seus pais, e termina no Bom Fim, mais especificamente na casa onde Scliar viveu sua infância e juventude, na rua Fernandes Vieira.

Pela primeira vez fazendo a curadoria de uma exposição, Gerbase conta que leu uma autobiografia do escritor misturada com seus textos. “Ali ele mesmo me contou quais foram os momentos fundamentais da sua vida e o que era essencial estar nesta mostra.” Entre fotos, manuscritos, projeções audiovisuais e objetos pessoais, a exposição apresenta, de uma forma mais ampla, a vida de Scliar. “Buscar as fotos, vídeos e documentos é sempre um processo muito doloroso, é passar a limpo toda uma vida, mas era necessário”, ressalta Judith.

Alguns dos principais personagens dos livros são interpretados por atores em totens digitais, além da exposição dos manuscritos originais das obras A guerra do Bom Fim, O exército de um homem só, Os deuses de Raquel, Cenas da vida minúscula e O centauro no jardim. Há dois ambientes, em que os visitantes podem optar por ler Scliar em livros ou tablets. Em uma sala de projeção, será exibido um documentário baseado na obra do escritor, e no espaço destinado à Medicina, é transmitido o discurso de sua formatura. “O nosso grande objetivo é informar e emocionar, mostrando para as pessoas o quão grande ele foi”, salienta o cineasta e curador.

Moacyr Scliar foi o sétimo ocupante da Cadeira nº 31 da Academia Brasileira de Letras, venceu três prêmios Jabuti e um prêmioCasa de Las Americas. Suas obras foram adaptadas para o cinema, teatro, televisão e rádio, inclusive no exterior. “Em primeiro lugar, Moacyr veria essa homenagem com espanto. Questionaria: tudo isso é para mim? Mas a gratificação por todo esse carinho seria imensa, ele ficaria muito feliz.”, afirma Judith.

Em sintonia com os eventos abordados na exposição, serão realizadas diversas atividades paralelas, como oficinas seminários, palestras, apresentações de teatro, dança, música e mostras de cinema. A visitação para Moacyr Scliar – O centauro do Bom Fimacontece de terça-feira a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h. A entrada é franca.

Fonte: Jornal do Comércio