Moacyr Scliar ganha luxuosa edição de livro na Lituânia

Mais de cinco anos depois da sua morte, o gaúcho continua conquistando leitores mundo afora Max e os Felinos, de Moacyr Scliar, ganhou uma luxuosa edição na Lituânia. Mais de cinco anos depois da sua morte, o gaúcho Scliar continua conquistando leitores mundo afora.   Fonte: Tulio Milman – ZH Colunistas

Moacyr Scliar, nós te abraçamos, milhões

Belíssimo texto escrito pela amiga Leniza Kautz Menda, poucos dias após o falecimento do Moacyr Scliar. O texto faz alusão ao último livro de Moacyr: EU VOS ABRAÇO, MILHÕES. MOACYR SCLIAR, NÓS TE ABRAÇAMOS, MILHÕES Moacyr, nós te abraçamos por teres sido o grande escritor que foste, um contador de histórias muito criativo, inspirado desde a mais tenra infância pelo amor aos livros e pelo incentivo de tua mãe, dona Sara. Moacyr, nós te abraçamos por teres sido um escritor tão prolífico, por teres abordado os mais diferentes gêneros literários, desde romances, contos, ensaios, ficção infanto-juvenil e textos para a imprensa. Moacyr, nós te abraçamos por teres tido uma imaginação fértil, mesclando, em tuas obras, elementos do cotidiano com toques surrealistas e de realismo mágico. Moacyr, nós te abraçamos por teres descortinado os principais elementos e valores da cultura judaica, a ética que permeia o judaísmo bem como a vinda dos imigrantes europeus e a difícil, mas calorosa, recepção que tiveram nesse glorioso Brasil. Moacyr, nós te abraçamos por teres criado personagens inesquecíveis e que ficarão para sempre no imaginário popular. É impossível esquecer Mayer Guinsburg, o D.Quixote, que, mesmo lutando solitariamente e enfrentando inúmeras oposições, queria estabelecer uma colônia socialista em um bairro de Porto Alegre. Como esquecer Guedali, um misto de ser humano e centauro, um personagem que reflete a ambigüidade do ser humano, os conflitos existenciais e a dupla identidade judaica? Como esquecer a feiosa esposa do rei Salomão que, com sua cultura e sabedoria, escreveu a Bíblia? Moacyr, nós te abraçamos por teres sido o imortal da Academia Brasileira de Letras, o médico sanitarista disposto, sempre, a contribuir, com teus artigos, para a melhoria do estado físico e emocional das pessoas. Mas, Moacyr, nós te abraçamos, sobretudo, por teres sido um ser humano muito “mensch”, sempre solícito e cordial, sempre disponível para responder aos e-mails, elogiar a quem elogiava as tuas obras, ressaltar o carinho demonstrado a ti com agradecimentos no jornal e manifestações de apreço aos leitores, familiares e amigos. Enfim, Moacyr, nós te abraçamos, milhões!  Leniza Kautz Menda

Scliar

A parábola do lenhador poderia ter sido inventada por Moacyr Scliar Por Luis Fernando Verissimo Convidado pela Casa do Saber, do Rio, para participar de uma homenagem ao Moacyr Scliar, nos cinco anos da sua morte, e não querendo apenas falar do prazer e do privilégio de ter sido seu amigo, fui atrás de um texto do Saul Bellow que me lembrava de ter lido, sobre o judeu como inventor de parábolas didáticas, o que o Scliar fez sua vida inteira, disfarçando-as com a realidade e com a fantasia. Segundo Bellow, nas histórias da tradição judaica, o mundo e até o universo têm um sentido humano. A imaginação judaica já foi inclusive acusada de sobre-humanizar tudo, de supervalorizar o humano e atribuir a tudo significados demais. Para alguns, o próprio cristianismo seria uma criação de contadores de histórias judeus, festejando a vitória de cristãos oprimidos sobre os opressores, na sua origem. Bellow conta que seu pai tinha sempre uma história pronta para qualquer questão, moral ou corriqueira. Todas as respostas começavam como uma história. “Havia um certo homem que morava….”, “Uma viúva e sua filha…”, “Um cavaleiro vinha por uma estrada na floresta…”. A história que Bellow mais gostava era a do lenhador que saía de casa para juntar lenha na floresta e, na hora de voltar para casa, tinha juntado tanta lenha, que não conseguia levantar sua carga. Depois de praguejar contra a sua própria velhice e sua falta de força, o lenhador pedira a Deus que mandasse a morte buscá-lo, pois era um homem imprestável. E Deus apiedou-se do lenhador e mandou o Anjo da Morte para buscá-lo, e o lenhador pediu para o Anjo ajudá-lo a levar a lenha para casa e depois dispensou-o, dizendo que mudara de ideia e não queria mais morrer. O que provava, para o pai de Bellow, que ninguém está realmente pronto para morrer. A parábola do lenhador, que Bellow lembra como exemplo de uma história tipicamente judaica, poderia ter sido inventada pelo Scliar. Nela há a tragédia da condição humana, da velhice, da revolta contra um destino irremediável, e o humor do desenlace, em que o Anjo da Morte é desviado da sua função e posto a trabalhar. Em toda a obra do Scliar, há essa mistura do trágico e do cômico, ou do trágico redimido pelo cômico. Em alguns casos, o humor judeu existe apenas para estabelecer uma ideia de equilíbrio e sanidade num mundo maluco. Mas quase sempre o humor judaico é misterioso e impossível de ser analisado, até por gente como Sigmund Freud, segundo Bellow. Alguém já argumentou que o riso, um senso cômico da vida, pode ser visto como prova da existência de Deus. A existência seria engraçada demais para não ter uma causa mais alta. O ateu Scliar responderia que a ideia de um deus piadista é que é muito engraçada. Bellow diz que a experiência do gueto, da vida confinada, longe de produzir um sentimento claustrofóbico, abre a imaginação para o alto e para o mundo fora dos limites. Scliar é o produto de um gueto, o Bairro Bom Fim de Porto Alegre, em que nunca, que eu saiba, houve um pogrom. Se sua experiência fosse a de um gueto como o de Varsóvia, suas histórias seriam outras, ainda dentro da tradição judaica, e sua imaginação mais trágica e menos livre. Para nossa felicidade como leitores, o gueto que formou sua imaginação foi o de Porto Alegre. O mundo e o universo vistos de lá eram muito maiores e mais humanos, o Bom Fim literalmente não tinha fim. (via Zero Hora)

Estação Cultura da TVE homenageia Moacyr Scliar

Neste sábado homenageamos o escritor Moacyr Scliar, que morreu há cinco anos. Para marcar a data, buscamos em nosso arquivo um registro especial. Nesta entrevista concedida ao escritor e professor Luiz Antonio de Assis Brasil, e exibida na TVE RS em 1984, o autor fala sobre como começou a escrever. “Eu me tornei escritor pelo prazer de contar histórias, pelo prazer de manipular a palavra”. Scliar morreu aos 73 anos e deixou uma obra extensa em diferentes gêneros: contos, romances, literatura infanto-juvenil, ensaios e crônicas. Assista o vídeo no link: www.facebook.com/estacaoculturatve/videos/954295841313261/

Bate-papo sobre Moacyr Scliar, na Casa do Saber

Noite de contar e ouvir histórias. A Casa do Saber, no Rio, recebeu os escritores Domício Proença (presidente da ABL), Zuenir Ventura e Luis Fernando Verissimo para relembrar Moacyr Scliar. A participação especial ficou a cargo de Judith Scliar, que fez a abertura do evento e contou as várias facetas do médico / escritor / marido.

Debate sobre a importância da leitura, na Rádio Nacional

A importância da leitura – um tema dos mais caros para Moacyr Scliar – deu a tônica dos debates hoje na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Como estimular o gosto pelos livros em um país tão carente de investimentos em educação e cultura? Como incentivar os jovens a ler em um ambiente dominado por tablets, videogames e smartphones? Essas questões foram discutidas hoje no Programa Tema Livre, que teve a participação de Judith Scliar, viúva de Moacyr, ao lado de Clarisse Fukelman (professora do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio), Elisa Machado (professora na Escola de Biblioteconomia da UnoRio) e Alexandre Faria (professor da Faculdade de Letra da UFJF). Judith destacou que Moacyr sempre foi um incentivador da leitura entre os jovens. Costumava visitar escolas para difundir o gosto pela literatura entre os alunos e debater sua obra.

As vidas de Moacyr Scliar

Moacyr Scliar não foi apenas um, foi muitos. Foi médico. E foi também ensaísta, cronista, romancista, contista. Sua versátil e numerosa obra, elaborada em 50 anos de carreira, bebeu das mais variadas fontes de inspiração: da longínqua Bessarábia ao familiar bairro de Bom Fim, em Porto Alegre. De Franz Kafka a Monteiro Lobato. Das raízes judaicas e gaúchas à universalidade das fábulas e do realismo fantástico. Em homenagem a esse dedicado contador de histórias, cinco anos após sua morte, a CASA DO SABER RIO O GLOBO recebe os escritores Luis Fernando Veríssimo e Domício Proença Filho para uma conversa não apenas sobre a vasta contribuição literária de Scliar, mas também sobre o simples e bem-humorado homem por trás da obra. A moderação do bate-papo ficará a cargo do jornalista e também escritor Zuenir Ventura. INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES DATA E INÍCIO 23 Fevereiro – Terça-feira, 20h HORÁRIO 20h LOCAL CASA DO SABER RIO O GLOBO Av. Epitácio Pessoa, 1.164 Lagoa – Rio de Janeiro/RJ DURAÇÃO 1 encontro ( 23/02 ) VALOR R$ 130,00 As inscrições podem ser feitas através do telefone 2227-2237 de segunda a sexta das 11 às 20 horas. MINISTRADO POR DOMÍCIO PROENÇA FILHO Escritor e crítico. Professor emérito da UFF, lecionou também em outras universidades, entre elas a UFRJ e a PUC-Rio. Ministrou cursos como professor convidado na Universidade de Colônia, na Escola Técnica de Altos Estudos de Aachen e na Universidade de Tübingen (Alemanha). Criou a Bienal Nestlé de Literatura, além de dezenas de projetos desenvolvidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro na década de 70. Exerceu inúmeros cargos na administração pública, entre eles, o de secretário do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, durante oito anos, e o de subsecretário de Educação e Cultura da Cidade do Rio de Janeiro. Eleito Presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) para o exercício de 2016, é ocupante da Cadeira 28. Tem 65 livros publicados, entre eles O cerco agreste, Breves estórias de Vera Cruz das Almas, Capitu – Memórias póstumas e os poemas de O risco do jogo. LUIS FERNANDO VERÍSSIMO Escritor e cronista, além de tradutor, roteirista, cartunista, romancista bissexto e saxofonista aplicado. Escreve regularmente para os jornais O Estado de S. Paulo, Zero Hora e O Globo. Tem mais de 60 livros editados, entre os quais alguns dos maiores best-sellers brasileiros, como A velhinha de Taubaté, As mentiras que os homens contam e Jardim do Diabo. Vive em Porto Alegre, com estadias frequentes no Rio de Janeiro e em Paris. ZUENIR VENTURA Jornalista e escritor. Colunista do jornal O Globo. Formado em Letras, foi professor por mais de 40 anos na Escola de Comunicação da UFRJ e na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da Uerj. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país, como os jornais Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, Diário Carioca e Jornal do Brasil, e as revistas O Cruzeiro, Fatos & Fotos, Visão, Veja e IstoÉ. Fez as entrevistas e o roteiro de Paulinho da Viola – Meu tempo é hoje, documentário dirigido por Izabel Jaguaribe para marcar os 60 anos do cantor e compositor. É ocupante da Cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Autor, entre outros, de Cidade partida (Prêmio Jabuti de 1995); Chico Mendes – Crime e castigo; Crônicas de um fim de século; Inveja – Mal secreto; Minhas histórias dos outros; 1968 – O ano que não terminou; e 1968 – O que fizemos de nós. Fonte: Casa do Saber